A Bíblia fala sobre um homem que tem uma história fantástica, o único que as Sagradas Escrituras definem como o homem segundo o coração de Deus: Davi (Atos 13.22). Após ser ungido por Samuel para ser o rei substituto sobre Israel, o oitavo filho de Jessé, um rapaz na época, ganhou notoriedade ao matar o gigante filisteu, Golias, que tinha quase três metros de altura.
Ao suceder o reinado de Saul, Davi tornou-se um rei popular, pois era guerreiro, trabalhador, estratégico, inteligente e próspero. Sua liderança mudou a realidade dos israelitas. Ele expandiu os territórios sobre os quais governou, trouxe prospe¬ridade para Israel e transferiu a capital de Hebrom para Jerusalém, após conquistá-la. Além disso, tornou a nova capital o centro de adoração dos israelitas ao resgatar a Arca da Aliança, símbolo da presença de Deus que guardava a tábua dos Dez Mandamentos, que havia sido roubada pelos filisteus.
Contudo, em uma parte da vida de Davi, perce¬bemos o perigo da mente desocupada, o que levou aquele homem a cometer adultério e homicídio. Em 2 Samuel 11, a Bíblia relata que, na época em que os reis saíam para a guerra, Davi ficou em casa em vez de ir adiante do seu exército na batalha. No seu lugar, o rei enviou Joabe e seus servos para que lutassem contra os filhos de Amom e dominasse a cidade de Rabá. Esta seria mais uma de suas guerras para consolidar seu reino, derrotar os inimigos e diminuir as ameaças de luta contra Israel.
O palácio de Davi ficava em uma colina, de onde ele via o restante da cidade. Daquela elevada posição podia olhar e ver o quintal de outras moradias. Em uma tarde, desassossegado, o rei levantou-se e foi até o terraço da casa real para relaxar. Naquele momento, ele presenciou o inesperado: uma mulher de beleza física in¬contestável estava nua, tomando banho.
O rei não resistiu à tentação — apesar de ele haver tido um harém de quase 40 mulheres. Logo perguntou quem era aquela mulher. Era Bate-Seba, esposa de Urias, um dos principais guerreiros de confiança de Davi.
Mesmo assim, Davi não perdeu tempo. Mandou que seus mensageiros a trouxessem e deitou-se com ela, sem medir as conseqüências. Após saber que aquela mulher ficou grávida, tratou de arquitetar a morte do marido dela. Foi, então, que ordenou a Joabe que colocasse Urias na frente da maior força de batalha para que ele fosse morto. E assim foi feito. Logo o rei recebeu a notícia de que seu plano havia dado certo (2 Samuel 11.14-24). Após Bate-Seba passar pelo período de luto, Davi a recolheu em seu palácio e deitou-se com ela, com quem teve um filho, Salomão.
O comportamento de Davi pareceu mal aos olhos do Senhor (2 Samuel 11.27). Um ato que foi ali¬mentado e surgiu a partir de uma mente desocupada, quando o rei resolveu ficar em casa em vez de estar cumprindo com suas responsabilidades e obrigações. Já ouviu aquele ditado: mente vazia, oficina do diabo? O pecado é concebido na mente. Como diz Tiago 1.15: havendo a concupiscência concebido, dá a luz o pe¬cado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.
A má concupiscência teve domínio sobre a vontade de Davi, pois ele permitiu que a mesma tivesse pleno curso na sua vida, fecundando o pecado. E o erro desse homem que era segundo o coração de Deus serve como advertência a todos os cristãos: Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia (1 Coríntios 10.12).
Assim como aconteceu com Davi, pode ocorrer com os cristãos nos dias de hoje. Aqueles que vivem desocupados estão suscetíveis a cometer atitudes que desagradam ao Senhor. Isto é bem comum entre os que passam horas assistindo à televisão ou navegando na internet, pois acabam vendo coisas impróprias ao cristão. Sem contar os bombardeios que sofremos na sociedade por meio da mídia para nos convencer a comprar uma idéia ou a adquirir algo, sendo in¬fluenciados por mensagens subliminares e conceitos distorcidos sobre a vida.
Tal realidade nos convoca a ter senso crítico e a filtrar o que está indo para a nossa mente, a fim de que possamos pensar com qualidade. Isto não significa ser infalível, mas sim, encarar a vida do ponto de vista do Senhor, levando em consideração os desejos e valores divinos. Ocupe a mente com pensamentos inspirados pelo Espírito Santo e não pelos atrativos visuais e os apelos de marketing do mundo. Busque entender a santidade de Deus e a maledicência do pecado.
Trecho do livro do Pr Silas Malafaia " Atitudes Certas Diante das Adversidades"