Paz e bem,
É impossível passarmos pela vida sem lutas. Todos nós, em maior ou menor grau, passamos pelo deserto. A cada vitória que conquistamos sempre haverá um novo desafio a se apresentar. Gigantes se levantam todos os dias, muralhas se interpõem contra o nosso caminhar, exércitos levantam contra nós o calcanhar, e não é raro que os nossos mais íntimos sejam generais nestes exércitos de oposição à nossa caminhada. É assim que é a vida, é assim que são os nossos descaminhos neste mundo caído.
Muitas vezes nós olhamos a Bíblia e vemos as histórias de vitórias e nos perguntamos, “porque não acontece assim comigo?”. Infelizmente os nossos púlpitos enfatizam demasiadamente as histórias de vitória. Mas a verdade é que cada personagem bíblico antes de alcançar a vitória passou por grandes lutas e terríveis provações e alguns chegaram a desesperançar da própria vida.
Vejamos o caso de José. Hostilizado pelos próprios irmãos desde a infância; vendido como escravo pelos seus; assediado pela esposa do seu senhor; lutando contra seus próprios desejos, pois não há como negar que um homem jovem sempre terá dificuldades em resistir ao assédio de uma mulher, outrossim, nenhuma mulher iria se atirar sobre um homem se não houvesse a esperança de ser correspondida. Por conta de sua fidelidade, José terminou indo para a prisão, situação infinitamente pior que a vida de escravo, pois as prisões na antiguidade, e ainda hoje em muitos lugares, eram lugares fétidos, insalubres, sem iluminação, úmidos ou secos em demasia, eram lugares que por si só já degradavam a saúde e minavam o ânimo de qualquer um. Além disso, queimava em José a saudade do pai, a dor de ser abandonado e traído pelos seus irmãos, o temor pela sua vida em uma terra estranha. Sem contar o tempo de hostilidade dentro de sua família, José sofreu durante pelo menos treze ano, sendo pelo menos três deles no cárcere, até ser levantado como governador no Egito.
Há na Bíblia a história de um profeta chamado Elias. Gostamos de destacar que Elias é aquele que fez fogo descer dos céus e que foi arrebatado aos céus, esta é a parte da história que enfatizamos. Poucos, porém, são os que acompanharam toda a história da vida deste homem. A verdade é que a maioria de nós, crentes, pouco lemos a Bíblia e o que temos de conhecimento é o que recebemos nas pregações e EBDs, daí a nossa visão simplista e muitas vezes rasas.
A primeira aparição de Elias na Bíblia ocorre quando ele aparece ao rei Acabe, e profetiza que haveria uma seca durante anos em Israel. Por conta disso ele é perseguido e se abriga na terra de Querite sendo alimentado pelos corvos e bebendo água de um córrego. Após algum tempo a água secou e os corvos não mais traziam alimento. Elias se vê obrigado a buscar abrigo em um país estrangeiro, Sidom, na casa de uma viúva. Deus sustenta a viúva, seu filho e o profeta de maneira milagrosa. No entanto, o filho desta viúva morre e ela culpa o profeta por seu infortúnio. Elias toma a criança e dirige um desabafo contra Deus: “meu Deus, também até a esta viúva, com quem me hospedo, afligiste, matando-lhe o filho?” (I Rs 17:20).
A criança ressuscitou, mas as lutas de Elias não acabaram. Após mais de três anos de seca inclemente, ele teria que voltar a Israel e se apresentar de novo ao furioso Acabe. É aí que acontece o grande feito do profeta, Deus prova ao povo que Ele é o Senhor. O fogo desce dos céus e consome a oferta, o povo tomado de temor clama “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!” e os profetas de Baal são mortos ao fio da espada.
Não bastasse a vitória sobre os profetas de Baal e o seu culto blasfemo, Deus honra Elias fazendo com que ele profetize o fim dos três anos e meio de seca. Agora havia chuva!
Elias, certamente acreditou que finalmente suas lutas cessariam, que a glória do Senhor se manifestando de maneira tão grandiosa significaria a restauração do Seu povo e a expulsão ou arrependimento daqueles que agiram contra o Senhor. Poderia ele finalmente descansar de tantas lutas. Mas tal não aconteceu. Jezabel, tomada de fúria, prometeu que mataria o profeta. Mais uma vez Elias tem de fugir. E é aí, nesta fuga, que ele se abrigou debaixo de uma árvore, o zimbro, e desabou em desesperança e dor.
Em sua angústia Ele pediu a morte: “Basta Senhor! Toma agora a minha alma”.
Esta é a história do homem que fez fogo descer dos céus.
Talvez você esteja assim como Elias neste momento, anelando pelo fim de suas dores, mesmo que este fim seja sinônimo também do fim de sua caminhada. Talvez você esteja passando por tantas e sucessivas lutas que seus horizontes nunca parecem apontar para o nascer do sol. Mas o Senhor não esqueceu de Elias, mesmo naquela angústia e clamando pela morte. Deus enviou-lhe um anjo que lhe deu pão e água e disse-lhe: “Levanta-te e come, porque a viagem é longa.” E, com a força deste pão e desta água, Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites e se encontrou com o Pai no monte Horebe, o monte de Deus, onde foi ministrado pelo Senhor, que lhe falou no sussurro de uma suave brisa, e ele teve suas esperanças renovadas.
O pão simboliza Cristo, a água é o símbolo do Espírito Santo, e são estes que nos conduzem até o Pai. Quando José passou por suas inúmeras provações a Bíblia nos diz reiteradamente que “o Senhor era com José”. Estava com ele independente das circunstâncias, independente das lutas e dos horizontes sombrios. E Ele está comigo e com você, Ele estará conosco até a consumação dos séculos.
Coma deste Pão e beba desta Água, não desista! A sua viagem ainda é longa, para a glória do Senhor.
Pr. Denilson Torres
Ministério Fruto do Espírito
Fonte: www.frutodoespirito.com.br
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