Nesta oportunidade, gostaria de falar sobre duas passagens bíblicas que tratam sobre o Santo Espírito de Deus que são ignoradas pela maioria absoluta dos participantes de nossas igrejas: Efésios 4:30 e I Tessalonicenses 5:19, que tratam sobre não entristecer e não extinguir o Espírito Santo de Deus. O que vem a ser, e como ocorre o entristecimento e a extinção do Espírito Santo?
A Bíblia coloca de forma clara e indubitável que a vida cristã é semelhante ao nascimento e crescimento de uma pessoa natural. Costumo comparar esse crescimento à uma jornada montanha acima, começando por um pântano, um brejo, um lodaçal. As pessoas precisam sair do brejo, e começar a andar em terra firme numa geografia que vai subindo cada vez mais. À medida em que saímos do brejo e andamos montanha acima, percebemos que existem muito mais coisas à nossa volta, porque nossa vista vai cada vez mais longe. Consegue visualizar meu raciocínio? Os pântanos não ficam nos altiplanos, nos vãos entre as montanhas e nem entre os morros e colinas. No fundo dos vales, onde estão, não se consegue ver nada senão lama e plantas aquáticas, quando não animais asquerosos (cobras, lagartos, aranhas etc). Na lama, não se entende o amor de Deus, a salvação, a paz, o perdão, a misericórdia. Quem está na lama interessa-se apenas e tão-somente na própria diversão e prazer, na consecução de seus próprios objetivos egoístas, na própria felicidade.
Já tive a oportunidade de ministrar que há uma ignorância muito grande acerca de Deus em nossas igrejas. E essa ignorância não tem o poder, o condão de retirar, minimizar ou impedir as desastrosas, funestas e angustiantes conseqüências de nossos atos. Isto é, o fato de não sabermos o que vem a ser o entristecimento ou a extinção do Espírito Santo de Deus, e nem como isso ocorre, não faz com que este deixe de ficar triste ou extinto, quando fazemos algo que o entristeça ou o extinga. Consegue entender o que quero dizer?
Existe a possibilidade muito grande de que o(a) amado(a) leitor(a) esteja entristecendo ou extinguindo o Santo Espírito de Deus, mesmo sem sabê-lo. Quando isso ocorre, aos poucos as atividades na igreja vão perdendo a cor e o sabor. Vão perdendo sentido e objetivo. Começamos a deixar de sentir alegria nos cultos. Olhamos para os irmãos... ouvimos os cânticos e os louvores... os testemunhos... a pregação.... e parece que... tem alguma coisa faltando... fora do lugar.... alguma coisa parece estar errada, mas não conseguimos descobrir o que é. Os cultos parecem se tornar mecânicos, sem vida, unção, emoção, graça ou iluminação. Isto te parece familiar? Parece que as coisas vão secando...
A obra de Deus sobre a Terra é feita pelo Espírito Santo de Deus. É ele que nos dá alegria, nos motiva, e nos dirige no caminho pelo qual devemos andar. A Graça e o Poder de Deus é manifestada sobre a Terra através do Espírito de Deus. Sem a atuação, a operação do Espírito de Deus não há arrependimento, perdão, poder, alegria, união, unção, autoridade. Daí a necessidade de não se entristecer e nem se extinguir o Espírito de Deus em nossas vidas. Paulo advertiu seu discípulo Timóteo acerca dos apóstatas que tem a consciência cauterizada, insensível ao toque e à ação do Espírito de Deus (I Tim.4), e que por isso mesmo não se convencem do pecado, ou da justiça ou do Juízo (Jo. 16:8). Não reconhecemos que incorremos em pecado. Nossos atos, por piores que sejam, sempre terão uma explicação e uma justificativa.
Você tem sentido a ação do Espírito de Deus em tua vida? Mais: tem permitido a sua ação e operação? Tem sido dirigido, tomado, dominado, cheio do Espírito Santo de Deus? A gravidade das conseqüências da resposta revela a gravidade da pergunta.
Parte 2
Na primeira parte da presente fizemos referencia à ação e operação do Santo Espírito de Deus no mundo, neste mundo. Gostaria de continuar falando, na presente, sobre o que vem a ser entristecer o Espírito Santo de Deus, e, principalmente, como isso ocorre, pois, sem a atuação do Espírito Santo de Deus, não somos convencidos do pecado, ou da justiça ou do Juízo. Nossos pecados sempre tem uma explicação e uma justificativa. Não aceitamos admoestação, aconselhamento ou exortação. Não admitimos que alguém venha nos dizer que estamos errados, ou que nossa prática não é a "mais recomendável", vamos assim dizer.
Na continuação, pretendemos, se Deus o permitir, explicar o que vem a ser a extinção do Espírito Santo de Deus.
A interpretação das passagens bíblicas pode ocorrer de diversas formas, e com os diversos fins, de acordo com os valores, a história e as intenções de cada um. Caso a interpretação ocorra com premissas (fundamentos, requisitos, bases) erradas, a conclusão também será errada.
Você pode ter uma outra visão, uma outra interpretação das Escrituras. Eu somente quero e posso expor a interpretação que, acredito, recebi do Senhor.
Imprescindível dizer que a interpretação das passagens bíblicas deve ocorrer de acordo com a direção e com a intenção do Santo Espírito de Deus, ou essa fonte de alegria, prazer e vida tornar-se-á fonte de dor, angústia e morte. O mapa que nos conduz aos tesouros escondidos (Pv.2) nos conduzirá à dor, ao inferno.
Analisando-se os versículos ao redor do analisado (Ef.4), vemos que é uma continuação de uma série de mandamentos negativos: não faça isso, não faça aquilo, não aja deste modo, não entristeça o Espírito Santo de Deus no qual está selado, e continua com esses mandamentos negativos. Daí porque concluímos que o entristecimento do Santo Espírito de Deus ocorre por uma atitude ativa. Quando fazemos o que não devemos fazer, quando praticamos um ato que é contrario à intenção, ao mandamento, ao desejo de Deus.
O Espírito Santo de Deus se entristece conosco quando ultrapassamos os limites da vontade de Deus.
Como saber a vontade de Deus? Como reconhecer a vontade de Deus. A vontade de Deus está expressa e revelada na Bíblia. Quem conhece a Bíblia conhece a vontade de Deus. De modo inverso, quem não conhece a Bíblia não conhece a vontade de Deus.
Nunca é demais lembrar que o mais importante não é o que está escrito na Bíblia, mas sim o que Deus quer nos dizer através da Bíblia (João 6:63 e II Cor.6:3).
Toda vez que você transpassa, ignora, quebra um mandamento negativo, quando faz o que não deve ou o que não pode fazer, está entristecendo o Santo Espírito de Deus.
Entende o quero dizer?
Se e quando você faz o que Deus não quer, você está entristecendo o Santo Espírito de Deus.
Deus quer que você aja de um modo amoroso, generoso, altruísta, respeitoso, honroso, piedoso e misericordioso para com todos, independente de sua fé, de sua condição espiritual. E Deus não quer que você aja de um modo egocêntrico, egoísta, ganancioso, oportunista, legalista, condenativo ou depreciativo com ninguém, independentemente de sua fé, de sua condição social.
Deus fica triste. O Santo Espírito de Deus fica triste quando fazemos o que não quer... e deixa de agir em nossa vida.
Você tem sentido a ação do Espírito de Deus em tua vida? Mais: tem dominado teu próprio espírito carnal e vendido sob a escravidão do pecado para deixar de fazer o que fere, magoa e entristece o Santo Espírito de Deus? A gravidade das conseqüências da resposta revela a gravidade da pergunta.
Parte 3
Na primeira parte da presente fizemos referência à ação e operação do Santo Espírito de Deus no mundo, neste mundo. Na segunda parte explicamos como ocorre o entristecimento do Santo Espírito de Deus. Gostaria de terminar com a presente falando sobre a sua extinção na vida do cristão.
Não sei se pude ser claro o suficiente na mensagem anterior. O entristecimento e a extinção do Santo Espírito de Deus em nossa vida tem a mesma conseqüência: Ele deixa de agir em nossas vidas. Sem a atuação, a operação, a condução, a direção, o revolver das águas pelo Espírito de Deus, a nossa vida vai murchando... secando... morrendo, tal e qual o Autor de Salmos 32 a minha alma começou a secar como quando não há chuvas.
A diferença entre o entristecer e o extinguir o Espírito Santo de Deus é pequena, diáfana, superficial, tênue.
No contexto do versículo analisado (I Tess.5), vemos que é uma continuação de uma série de mandamentos positivos: faça isso, faça aquilo, aja deste modo, não extinga o Espírito Santo de Deus, e continua com esses mandamentos positivos. Daí porque concluímos que a extinção do Santo Espírito de Deus ocorre por uma atitude passiva, omitiva; quando deixamos de fazer o que deve ser feito; quando não praticamos um ato que é da expressa e direta vontade, intenção e desejo de Deus. O Espírito Santo de Deus vai sendo extinto de nossas vidas quando nos omitimos; quando descumprimos a suas ordens e mandamentos, quando deixamos de fazer o que é de sua expressa e direta vontade, quando recusamos suas orientações, admoestações, instruções e exortações. Ele deixa de falar conosco quando não damos ouvidos ao que nos diz.
Jesus disse que o Espírito Santo de Deus nos conduziria em todos os caminhos pelos quais deveríamos andar (Jo.16:13). E nos daria as palavras que precisássemos falar (Lc.12:12). Em Isaías 30:21 a Bíblia diz que ouviríamos uma voz atrás de nós nos dizendo para onde deveríamos ir, caso nos desviássemos para esquerda ou para a direita.
Contudo, todos nós somos carnais e vendidos sob a escravidão do pecado (Rom.7). Somos avessos ao Espírito de Deus. A nossa reação natural é rejeitarmos as coisas do Espírito.
A ação de Deus sobre a terra ocorre pela ação e operação do Santo Espírito de Deus. Se e quando você não faz o que Deus quer, você está extinguindo o Santo Espírito de Deus. Não importam as tuas justificações, tuas explicações, tuas motivações, tua razões. É por isso que Autor da carta aos Hebreus dispersos insiste em não endurecermos o nosso coração como no dia da tentação no deserto (Heb.3).
Entende o que quero dizer?
Deus não quer que você seja medroso, que se omita diante da necessidade de outrem, que feche os olhos ao necessitado. Nosso Deus tem que valer mais do que nossos bens, nossa reputação, nossa família, nossos relacionamentos. Deus quer que você aja de um modo amoroso, generoso, altruísta, respeitoso, honroso, piedoso e misericordioso para com todos, independente de sua fé, de sua condição espiritual.
Nós somos as mãos, os pés, os braços e o coração de Deus sobre a Terra. Evidentemente, somos também o bolso de Deus sobre a Terra. É através de nós, cada um de nós que a obra de Deus se realiza na Terra.
Amado(a), você tem obedecido aos comandos do Santo Espírito de Deus, ou tem fechado os olhos, os ouvidos, e o coração para Deus? Você tem se colocado a serviço do Rei Jesus? Tem se sujeitado ao domínio e à direção do Espírito de Deus fazendo tudo que Ele manda e exorta?
Mais uma vez, a gravidade das conseqüências da resposta revela a gravidade da pergunta.
Parte 4
Estamos estudando as formas pelos quais o Espírito Santo de Deus se entristece ou é extinto na vida do cristão. Na primeira parte fizemos referências à sua ação e atuação na vida do cristão. Na segunda parte analisamos (muito superficialmente) de que forma Ele é entristecido. Na terceira parte analisamos (mais superficialmente ainda) a forma como Ele é extinto. E na presente, com a graça e direção de Deus, vamos analisar os motivos pelos quais preferimos entristecer ou extinguir o Espírito de Deus.
São as nossas atitudes, as nossas escolhas, o nosso comportamento que fazem com que o Espírito de Deus se entristeça ou seja extinto de nossas vidas. Nossas atitudes, nossas escolhas, nosso comportamento são fruto de nossa personalidade. Nós, todos nós, externamos através de atos e palavras o que somos interiormente. Nossos pensamentos, sentimentos, valores, aspirações, desejos, sonhos, história, traumas, virtudes e defeitos são externados através de nosso comportamento.
Freqüentemente vemos uma certa... como é posso dizer?... "disparidade"?, "descompasso"?, "diferença"?, "contradição"? entre as palavras e o comportamento das pessoas. A Bíblia diz que é através de nossos frutos (atos) é que somos reconhecidos como "arvore boa", ou "árvore má"; e não através de nossas palavras (folhas).
Há muitos anos atrás (bem, nem tantos, não sou tão velho assim), num culto, perguntei aos presentes se o mais importante era "pregar o que se vive" ou "viver o que prega". As opiniões se divergiram. Uma parte entendeu que viver o que se prega é mais importante. Outros entenderam que temos que pregar o que vivemos. Ambos são importantes. Muito importantes. Pregar o que se vive é o testemunho de nossa vida. Viver o que se prega é o cumprimento das Escrituras em nossa vida. Entende?
Os nossos atos falam mais alto do que as nossas palavras. Sempre. Muitas vezes o barulho de nossos atos não permitem que nossas palavras sejam ouvidas...
A forma mais eficaz de se pregar o evangelho é vivendo-o. Quando nossos atos, nosso comportamento, nossas atitudes confirmam o que pregamos.
A todo momento, precisamos escolher sobre o que fazer, como fazer, quando fazer. E sempre vamos escolher o que é mais importante para nós. O que efetivamente é mais importante para nós. Não o que achamos ou falamos que deve ser o mais importante.
Um exemplo prático: uma vez eu estava explicando para um grupo de irmãos que "mentira que edifica e verdade que destrói não provém de Deus". Uma irmã se levantou e disse que certa vez "teve que mentir". O que, evidentemente, era mentira. Tinha mentido para proteger a neta. Na escolha entre ver a neta sofrer e entristecer o Espírito de Deus, ela preferiu a segunda opção.
Todos os dias cristãos mentem, roubam, cometem adultério, ferem seus irmãos, xingam, amaldiçoam. Seguir sua própria natureza pecaminosa vale mais do que a comunhão com Deus.
Nós, todos nós, vamos sempre escolher o que vale mais, o que é mais importante para nós. Se para não perdermos algo muito importante (dinheiro, respeito, reputação, bens, amizades, sonhos, desejos) for necessário mentir, e mentirmos, então esse "algo" vai estar valendo mais do que a nossa comunhão com Deus que se realiza, que existe através do Espírito Santo.
Deus tem que valer mais do que tudo. Mais do que nosso dinheiro, nossa reputação, nossa honra, nossos bens, nossas amizades, mais do que tudo. Mais do que a nossa própria vida.
"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força." (Mc.12:29).
Autor: Takayoshi Katagiri
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