21 de jul. de 2011

COMO ENTENDER O TEMPO DE DEUS


Vemos em Atos 1:1 a 11 uma preocupação de Lucas para informar a verdade a um certo Teófilo sobre Jesus. Na verdade, este texto tem uma ligação muito grande com o início do ministério de Jesus, pois irá falar a respeito do início do ministério da Igreja.

No início de seu ministério Jesus foi para o deserto e ali esteve sozinho por 40 dias (Mt.4.1-2), e depois da ressurreição Jesus ficou 40 dias ensinando sobre o reino de Deus (v.4). O Pentecostes acontece 50 dias depois da Páscoa, sendo assim, os discípulos ficam 10 dias em uma inquietação a respeito das coisas que iriam acontecer.

A pergunta é: o que fazer? ir à frente de Deus? ou esperar e confiar na palavra de Jesus o qual disse: “E comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai...? (v.4). Assim como foi difícil para os discípulos esperarem por uma promessa feita pelo próprio Jesus, é difícil também para nós, hoje, esperar quando estamos passando por dificuldades e queremos o mais rápido possível uma ação de Deus. Muitos não sabendo esperar passam à frente de Deus e acabam sofrendo grandes conseqüências. Por que é tão difícil esperar?

a) Porque muitas vezes não entendemos a ação de Deus na espera: É no momento de espera que Deus realmente quer nos conhecer, pois a Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que não souberam esperar. Um deles foi Saul, que não soube esperar e acabou perdendo o reino (I Sm 13.8-14). Pessoas assim como Saul que não souberam esperar pela ação de Deus perderam seus cônjuges, sua família, seus amigos, empregos, etc. É no momento de espera que Deus quer ver de nós: a nossa obediência: “determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém” (v.4); 2); a nossa paciência: “...mas que esperassem...”; a nossa confiança, estritamente nele: “...esperassem a promessa do Pai...”; 3) relembrar de tudo o que Deus já fez por nós: “a qual, disse Ele, de mim ouvistes”.

b) Porque queremos que as coisas aconteçam sempre no nosso tempo e da nossa maneira: Hoje em dia as pessoas estão em busca daquilo que é rápido e passageiro. Toda a tecnologia quer levar a humanidade para a “rapidez e facilidade”. Quando os discípulos perguntaram a respeito do “tempo” a Jesus no verso 7, usaram a palavra Khrónos, que no grego significa: tempo longo ou breve, breve tempo, um certo tempo, o nosso tempo, tempo humano. Perguntaram porque queriam que as coisas acontecessem com uma certa urgência e rapidez. A resposta de Jesus sobre o tempo foi a palavra kairós, que no grego passa a idéia de:

1) União e harmonia, como se fosse uma justa medida, lugar, ponto justo: pensando em harmonia, temos que ter a certeza que toda decisão fora do tempo de Deus deixa dúvidas, embaraço, questionamentos. As coisas parecem que não se encaixam, parece que só vão se tornar realidade “forçando a barra”. É preciso saber que quando for o tempo de Deus as decisões terão uma harmonia e tudo se unirá.

2) Tempo de oportunidade, momento propício: muitas vezes quando queremos algo, pedimos, imploramos. Mas Deus pela sua onisciência e onipresença sabe que aquilo que queremos poderá até nos tirar da presença do Senhor. No tempo de Deus, pelos acontecimentos, logo você saberá que é um tempo de oportunidade, tudo será realmente favorável na sua decisão, pois será Deus que estará na frente. Por isto vale a pena esperar o tempo propício de Deus.

3) Tempo fixado, tempo estabelecido e apto: quando você vai para o ponto de ônibus num determinado horário é porque está confiando que naquele horário o ônibus vai passar, ou para um banco às 10h é porque tem confiança de que naquele horário o banco estará aberto. Isto tudo nos mostra que confiamos no homem (Jr 17.5). Da mesma forma temos que confiar em Deus (Sl.40), pois tudo está determinado por Ele. O tempo está fixado e estabelecido por Deus e na hora certa as promessas de Deus irão se cumprir na nossa vida.

c) A espera sempre se reflete em silêncio, e o silêncio de Deus sempre antecede uma ação peculiar de Deus para mudar nossas vidas: Quando Jesus subiu ao céu, foi uma cena contemplativa: “ E estando eles com os olhos fitos no céu...” (v.10). Não podemos também confundir espera com uma vida contemplativa, pois os discípulos saíram dali com a promessa de Deus para as suas vidas, para a vida da Igreja, e eles foram fazer o que estava no alcance deles: saíram do monte Olival e foram para Jerusalém (v.12), começaram a se reunir no cenáculo (v.13), perseveravam unânimes em oração (14), escolheram o substituto de Judas Iscariotes (23). Depois desse processo de espera e de silêncio por parte de Deus, Deus agiu: derramou o Espírito Santo que foi prometido mais ou menos 600 anos antes! Deus foi fiel e Deus cumpriu a sua promessa. Quando os discípulos fitaram os olhos para os céus, aquela cena parecia um processo de que tudo estava se acabando. Sim! No tempo do homem parecia que tudo estava se acabando, mas no tempo de Deus, no Kaíros de Deus estava apenas começando.

Pergunto: Qual a postura do crente diante de uma situação de espera? No seu entendimento através deste artigo, como você identifica que a decisão que vai tomar está dentro da vontade de Deus? Reflita.


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